No dia 19 de abril, os arquitetos Manuel Correia Fernandes e Nuno Grande foram os oradores da conferência “Práticas da Arquitetura Portuguesa”, uma ocasião para analisar a evolução histórica da habitação em Portugal e colocar “a cidade como um organismo vivo em constante evolução”.
Manuel Correia Fernandes falou da habitação e da sua interseção com a política e a organização urbana, destacando a importância de se compreender a habitação como uma questão política e instando os arquitetos do futuro a prepararem-se e a preocuparem-se com as questões sociais e políticas envolvidas na conceção e construção de habitações e na organização das cidades. Ressalvou o papel crucial das cooperativas na organização da cidade do Porto e enfatizou a importância da experimentação, do diálogo com moradores e da liberdade na tipologia habitacional. À crise da habitação, respondeu com a necessidade urgente de os arquitetos se envolverem ativamente no planeamento urbano e na busca por soluções inovadoras que respondam às necessidades habitacionais da população.
Por sua vez, Nuno Grande enfatizou a notável resiliência do tecido urbano do Porto, com enfoque nos lotes urbanos e na sua relação com a identidade arquitetónica da cidade. Destacou a singularidade destes lotes, estreitos e profundos, cujo modelo urbanístico, remonta à influência dos “Almadas” que ainda hoje se reflete na arquitetura da cidade. A materialidade da arquitetura também foi um tema apresentado por Nuno Grande, desde a preservação das janelas típicas da cidade do Porto, até à experimentação de novos materiais que respeitam a história e os ritmos da cidade, como o uso do granito e do betão. O arquiteto demonstrou como é possível integrar materiais contemporâneos sem comprometer a identidade urbana.
Esta conferência foi organizada pelo Departamento de Arquitetura e Multimédia Gallaecia, no âmbito do programa “Habitat Resiliente”, e integrada na iniciativa “Mais do que Casas”, da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, para celebrar o 50º aniversário do 25 de Abril.
