“Dar tudo quanto temos naquilo que fazemos”

Manuela Garrido, 53 anos, fez parte da primeira turma da Licenciatura de Direito da Universidade Portucalense (1986-1991). Atualmente, é Diretora Municipal de Gestão e Finanças do Município de Vila Nova de Gaia. As praias deste Município são o seu lugar de eleição.

Comunica UPT: É licenciada e mestre em Direto. Quais as razões que a levaram escolher esta área?

Manuela Garrido: O gosto pela área do Direito surgiu na adolescência. O sentido de justiça que deve presidir à nossa vida, nas mais variadas facetas, foi o mote para a escolha.

Como viveu esses anos académicos? 

Com muito estudo, muitas amizades. Vivi-os de uma forma feliz!

Quais as competências conferidas pela licenciatura que considera fundamentais na sua carreira profissional?

Para além das competências científicas, principalmente as competências comportamentais, nomeadamente, a dedicação, o empenho, a persistência, o trabalho e, acima de tudo, o gosto pelo que se faz.

Um momento da vida académica que nunca esqueceu?

A missa da bênção das pastas no meu 5º ano, em 1991, na Sé Catedral do Porto, foi um momento muito emotivo. Fiz parte do coro sob a batuta do meu amigo de juventude, Padre Bacelar.

Uma “cadeira” em particular que a tenha marcado? Algum professor?

“Direito Internacional Privado” com o professor Lobo Xavier e “Direito Fiscal” com o professor Pedro Marinho Falcão.

Depois da Licenciatura, como decorreu o seu percurso profissional?

Em 1991, fiz um estágio na Ordem dos Advogados e exerci a advocacia até 1996, momento em que ingressei na Inspeção-Geral de Finanças, tendo-me dedicado exclusivamente ao Direito Público desde aí. De 2001 a 2008, exerci funções no Município de Vila Nova de Gaia, em regime de comissão de serviço, como Diretora Municipal de Gestão Financeira, Diretora Municipal de Obras e Equipamentos Municipais e Diretora Municipal de Desenvolvimento e Qualidade de Vida. Em 2008 regressei à Inspeção-Geral de Finanças tendo assumido as funções de Inspetora Diretora da área do Controlo Tutelar Autárquico de 2012 a 2015, data em que assumi novamente funções no Município de Vila Nova de Gaia como Diretora Municipal de Administração e Finanças até janeiro de 2022, tendo nessa data sido nomeada, fruto da reorganização dos serviços municipais Diretora Municipal de Gestão e Finanças, cargo que ocupo nesta data.

Fez carreira na Administração Pública. O que a desafia nesta área?

O sentido de serviço à comunidade. O interesse público que conseguimos concretizar em tudo quanto fazemos ou que não conseguimos concretizar em tudo o que deixamos de fazer, a otimização da despesa pública, a boa gestão em prol da comunidade. Tudo isto me alicia.

Atualmente está à frente das Gestão e Finanças do Município. Esta evolução demonstra que a área do Direito é transversal?

Sem dúvida. A área municipal que está sob a minha responsabilidade, para além de fortemente económico-financeira, tem muito de gestão, tem muito de direito. O Direito é transversal em todas as áreas da sociedade.

Quantos elementos tem a sua equipa? E que formação têm?

Na Direção Municipal de Gestão e Finanças somos 242 colaboradores, entre os quais 10 dirigentes, 60 técnicos superiores da área económico-financeira, direito, administração pública, auditoria, informática, história, arquivo, 80 assistentes técnicos, 70 assistentes operacionais e 22 da carreira especial de informática.

Pode descrever, sucintamente, como é o seu dia a dia de trabalho?

Acordo cedo, deixo os meus filhos na escola e chego igualmente cedo ao Município. Normalmente começo o meu dia pela leitura dos emails, Diário da República e Jornal Diário e, depois disso, o despacho diário normal e as mais variadas reuniões. Ao final de tarde acompanho os meus filhos nas atividades extracurriculares e regresso a casa, onde faço a vida de qualquer mãe de família.

Um momento da sua vida profissional que tenha sido decisivo e porquê?

O ingresso na Administração Pública, em 1996. O concurso para o ingresso na Inspeção-Geral de Finanças durou cerca de três anos e quando saiu o resultado já tinha o meu escritório próprio onde exercia advocacia e foi uma decisão muito difícil de tomar, o abandono da advocacia e a entrega da cédula profissional na Ordem dos Advogados.

Tem algumas rotinas diárias que não abre mão? Se sim, quais?

Tomar o pequeno-almoço tranquilamente depois de deixar os meus filhos na escola e antes de começar o trabalho.

Que conselho deixa aos estudantes finalistas para o sucesso no mercado de trabalho?

Não sou muito de dar conselhos. Acho que é importante descobrirmos por nós. Até os enganos fazem parte do percurso e ajudam-nos a crescer. Na vida dificilmente haverá sucesso sem dedicação, quer na vida pessoal, quer na vida profissional.

Por fim, um conselho para a formulação dos cursos de Direito.

Uma sugestão passa pela valorização da parte prática, formatando e ajustando os conteúdos programáticos à realidade da sociedade em que estamos inseridos. 

Direito numa palavra: Justiça

Administração Pública numa palavra: Bem servir

Hobbies: Música e caminhar

Um livro: “As palavras que nunca te direi”, de Nicholas Sparks

Uma música: “Respirar”, de Bebe

Uma série de TV: “Fame”

Um lema de vida: Dar tudo quanto temos naquilo que fazemos

A pessoa que mais a inspira e porquê: O meu pai, pelos ensinamentos que me passou – seriedade, verticalidade e dedicação ao trabalho e à família.

“Dar tudo quanto temos naquilo que fazemos”
Voltar ao topo