Em novembro, a investigadora brasileira Laura Quevedo Jurgina iniciou uma instância de investigação no REMIT que terminará em maio do próximo ano. Engenheira de computação, mestre e doutoranda nesta área, dedica-se a criar soluções que aliem neurociência, tecnologia e pedagogia para melhorar a educação, com o intuito de contribuir para uma educação mais equitativa e inclusiva.
Comunica UPT:Qual o tema da sua investigação?
Laura Quevedo Jurgina: O tema da minha investigação é a integração de tecnologias tangíveis e multissensoriais no processo de alfabetização, com foco no dispositivo Alfaba, que desenvolvi. Este dispositivo baseia-se em princípios da neuroplasticidade e foi concebido para apoiar a alfabetização de crianças, particularmente em contextos de vulnerabilidade social ou que apresentem neurodivergências.
Quais os objetivos a que se propõe?
O principal objetivo da minha investigação é adaptar metodologias pedagógicas inovadoras, como as implementadas na Escola da Ponte, ao contexto educacional brasileiro, promovendo a inclusão e o acesso equitativo à educação. Para tal, procuro conceber arquiteturas de hardware que utilizem computação embarcada, de baixo custo financeiro na produção e manutenção, e que otimizem os recursos computacionais e energéticos. Esta abordagem visa viabilizar a implementação do Alfaba em instituições de ensino com recursos limitados, como frequentemente ocorre no Sul Global.
De que modo a sua investigação pode impactar na sociedade?
A minha investigação pode ter um impacto na sociedade ao propor soluções tecnológicas acessíveis e inclusivas, capazes de promover a alfabetização em comunidades com recursos limitados. A redução dos custos de produção e manutenção do Alfaba, aliada à optimização energética, permite a sua aplicação em regiões onde o acesso à tecnologia ainda é muito restrito. Além disso, espero que o dispositivo contribua para capacitar professores e reforçar políticas públicas que visem uma educação mais equitativa.
O que espera dos cinco meses de estadia da investigação?
Espero consolidar a minha investigação com base nas práticas pedagógicas observadas na Escola da Ponte e adaptá-las ao contexto brasileiro. Desejo também aprofundar as trocas académicas, enriquecendo o desenvolvimento do dispositivo Alfaba. Estou confiante de que esta estadia contribuirá de forma significativa para o meu percurso académico e profissional.
Já conhecia a cidade do Porto?
Não, esta é a minha primeira experiência no Porto, e estou encantada com a cidade, que tem muitas semelhanças com a minha cidade, Pelotas, na arquitetura e na gastronomia, o que torna a experiência ainda mais especial. Ao mesmo tempo, descubro com grande admiração a riqueza cultural e a hospitalidade únicas do Porto.