Bernardino Líndez Vílchez, docente da Universidad de Granada, partilhou com os estudantes do Mestrado Integrado em Arquitetura e Urbanismo as novas interpretações sobre os métodos construtivos do Panteão de Roma, uma das obras mais emblemáticas da arquitetura da Antiguidade, concluída em 126 d.C., durante o reinado do imperador Adriano.
Ao longo da apresentação foram discutidas as soluções de engenharia que permitiram a execução da cúpula em betão romano, destacando-se o vão de 43,2 metros entre apoios e a capacidade de sustentar uma massa estimada em cerca de 4.300 toneladas. Segundo o orador, a dimensão e a precisão geométrica da estrutura continuam a desafiar explicações totalmente consensuais, mesmo após séculos de investigação.
Um dos argumentos centrais do seminário incidiu sobre o papel do simbolismo numérico no desenho do edifício. A utilização recorrente dos números 3, 4 e 7 organiza as proporções entre o todo e as partes, reforçando o carácter universal e icónico da forma arquitetónica. O óculo, elemento-chave da composição, foi apresentado como o ponto de ligação simbólica entre o edifício e o cosmos, conferindo uma dimensão política e divina à figura do imperador Adriano.
Com base na análise da abóbada do Palácio de Carlos V, em Granada, Bernardino Líndez Vílchez defendeu que a cúpula do Panteão só poderia ter sido construída através de um sistema técnico semelhante. A hipótese apresentada propõe a utilização de caixotões de bronze como cofragem, permitindo a execução de anéis de betão por fiadas em consola até determinado nível. A partir daí, uma cimbre de madeira, previamente fabricada em oficina e elevada por um sistema de roldanas, serviria de suporte a elementos radiais convergentes para o centro do óculo.
Este método construtivo, segundo o docente, permitiria uma notável economia de meios, dispensando o uso de cimbres tradicionais e das estruturas de escoramento associadas, ao mesmo tempo que garantiria uma elevada precisão geométrica. A análise sublinhou, assim, o elevado grau de sofisticação técnica alcançado pela engenharia romana e a sua influência duradoura na evolução da prática arquitetónica.